9.8.20

ARTIGO | Ressignificando vidas, ressignificando os dias dos pais


(*) Por Alexandre Júnior

A discussão sobre os dias dos pais na atualidade contempla uma ampla compreensão sobre aquilo que chamamos de “arranjos familiares”, as novas organizações de famílias na contemporaneidade, nos exige compreensões e alargamentos de conceitos como cultura e identidade por exemplo. 

A nossa herança cultural, desenvolvida através de inúmeras gerações, sempre nos condicionou a reagir depreciativamente em relação ao comportamento daqueles que agem fora dos padrões aceitos pela maioria da comunidade. (LARAIA, 2020). 

O que precisamos evidenciar é que a ação desta maioria na sociedade faz com que surjam o que chamaremos de “guetos sociais” - são as minorias sociais - que são chamados assim não pela relação quantitativa, ou seja, não por serem em menor número, mas simplesmente por terem menos acessos a leis e políticas públicas que os contemplem, e por sentirem a opressão da sociedade hegemônica sobre as suas formas de viverem e de interagirem com a sociedade que os oprime. 

“Concebida originalmente para questionar a formulação de que a biologia é o destino, a distinção entre sexo e gênero atende à tese de que, por mais que o sexo parece intratável em termos biológicos, o gênero é culturalmente construído”, (BUTLER, 2019). 

Partimos então de uma perspectiva para a construção dos dias dos pais no século XXI, validada pela ciência e não pela crença, entendemos que defendermos estas ideias nos dias de hoje, chega a parecer uma afronta já que estamos disputando espaço de fala com o negacionismo cientifico que tenta validar conceitos como: ideologia de gênero, kit gay, terra plana, e, que institui uma doença que dizimou mais de cem mil pessoas no Brasil, como gripezinha.

É neste cenário, expresso aqui em poucas linhas que defendemos as intimidades das pessoas, as identidades e as suas relações sociais estabelecidas a partir daquilo que somos, de como nos vemos e como interagimos socialmente. Desta forma, feliz dia dos pais para todos os pais do Brasil, os que são validados pela sociedade hegemônica, e os que precisam lutar para ter seus direitos reconhecidos e não sofrer violências, silenciamento e invisibilização de toda ordem. Feliz dia dos pais.  
(*)Alexandre Júnior (Recife-PE) é pedagogo, escritor e palestrante.
 

Referências 
BUTLER, Judith. Problemas de Gênero: Feminismo e Subversão da Identidade. 17º ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2019, p.p 25,26. 
LARAIA, Roque. Cultura um Conceito Antropológico, 30º Ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2020, p. 67.
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