Por Hesdras Souto
CPDoc-Pajeú
Olímpio Torres é nome de uma das melhores Escolas Estaduais de Pernambuco, localizada em Tuparetama, Sertão do Pajeú. Ruas nas cidades de Pesqueira e Recife também levam seu nome. Afinal, o que sabemos sobre o Reverendo Cônego Olímpio Torres?
Nasceu em 26 de julho de 1909 (segundo dados do Lar Sacerdotal, sua última morada) na secular Vila de Cimbres, Pesqueira-PE. Era filho de José Firmino Torres e Rita Maria da Luz, tinha quatorze irmãos, desses, seis eram filhos da mesma mãe.
Em 17 de novembro de 1935, é ordenado Padre, na cidade de João Pessoa-PB, aos 26 anos de idade.
Em 1937, assume a direção do Colégio Cristo Rei em Pesqueira. Em 1938, muda o nome de Colégio para Ginásio Cristo Rei.
Quatro anos mais tarde, em 12 de novembro de 1939, foi uns dos padres que discursou no encerramento do Congresso Sacerdotal Diocesano de Pesqueira, o primeiro do gênero no Brasil, organizando pelo bispo diocesano D. Adalberto Sobral. O evento foi noticiado no jornal carioca “A Noite”.
Em 11 de outubro de 1941, o Padre Olímpio Torres é nomeado, pelo Interventor Agamenon Magalhães, para exercer o cargo de Delegado do Ensino da sede do município de Afogados da Ingazeira.
Em outubro de 1949, Pesqueira estava prestes a inaugurar uma Biblioteca Pública Municipal e, para isso, foi criado um Conselho de Amigos da Biblioteca sendo o Padre Olímpio Torres nomeado um dos Conselheiros. Em 1950, torna-se Reitor do Seminário de Pesqueira, sendo bastante atuante nas atividades dedicadas ao ensino.
Em fevereiro de 1951, participa ativamente do VI Congresso de Jornalistas do Interior, representando o jornal diocesano “O Ideal”, sendo ele um dos seus idealizadores.
Há uma curiosidade sobre o Padre Olímpio Torres.
Como sempre gostou de escrever, por vezes usou um pseudônimo (T. Espíndola ou R. Espíndola) para assinar alguns artigos nos periódicos locais. Vale salientar que Espíndola era o sobrenome do seu avô (Zacharias Torres Espíndola). O uso de pseudônimos era muito recorrente nessa época.
Em 12 de março de 1952, o “Jornal Pequeno”, impresso no Recife, publicou um documento redigido pela Diocese de Pesqueira e endereçado ao governador Agamenon Magalhães em que todo o clero diocesano condenava os “jogos de azar”.
O documento foi assinado por todos os membros do clero da diocese.
Além do Padre Olímpio Torres, também assinaram outros párocos conhecidos do Pajeú, como o Padre Sebastião Rabelo, vigário de São José do Egito, e o Padre João Leite de Andrade, vigário de Itapetim.
Em 30 de maio de 1952, é lançado em Pesqueira o jornal “Itinerário”, cuja primeira edição contou a participação de vários intelectuais do município e das cidades vizinhas, entre eles o Padre Olímpio Torres.
Em 27 de setembro de 1952, o Padre Olímpio Torres é convidado para fazer uma pregação nas festividades do aniversário dos 50 anos do Apostolado da Oração na cidade de Alagoinha-PE.
Em janeiro de 1953, representou o clero diocesano nas homenagens aos 25 anos de sacerdócio de D. Adelmo Machado, Bispo de Pesqueira. O Monsenhor Arruda Câmara também se fez presente na solenidade fazendo um sermão para os presentes.
Em 1954, o Padre Olímpio Torres era professor no Seminário em Pesqueira, quando surgiu um boato em Pesqueira que ele seria candidato a prefeito da cidade. Como era detentor de brilhante intelecto e postura moral invejável tinha chances reais de ser eleito, mas a história não passou de um boato. Talvez alguns admiradores do pároco o quisessem administrando, além da paroquia, a prefeitura municipal. É nesse mesmo ano que o Padre Olímpio Torres se torna Cônego.
Em 1955, o Cônego Olímpio Torres empreende grande esforço para criar o Ginásio Diocesano de Triunfo, sendo seu primeiro diretor.
Em 1961, vai ensinar no Seminário Diocesano de Campinada Grande. No corrente ano, durante o Congresso do Apostolado da Oração em Sertânia-PE, faz uma pregação para uma multidão de três mil pessoas.
Em 1962, o Cônego Olímpio Torres foi convidado para ser presidente de honra das Ligas Camponesas de Pesqueira, cujo patrono era São Sebastião.
Em 26 de novembro de 1964, enquanto ocorria o Concílio Ecumênico Vaticano II, ocorreu o Dia Nacional de Ação de Graças. A Arquidiocese de Olinda e Recife organizou uma solene celebração na Catedral de São Pedro dos Clérigos, localizada no Centro do Recife, com a presença de D. Helder Câmara. O Cônego Olímpio Torres foi convidado a participar como Ministro durante a celebração.
Em março de 1965, é designado pelo Bispo Metropolitano para ser Diretor da Federação das Filhas de Maria.
Em abril de 1965, o Cônego Olímpio Torres é eleito para o Conselho Administrativo (para o quadriênio 1965-1969) do Lar Sacerdotal. Também foi eleito Diretor Espiritual da Confraria das Mães-Cristãs.
Em 13 de maio de 1965, o Cônego Olímpio Torres é incardinado pela Arquidiocese de Olinda e Recife. O termo “Incardinação” refere-se a um ato jurídico canônico pelo qual um sacerdote é recebido por uma diocese para permanência definitiva, depois de desligar-se (Excardinação) de uma outra diocese, ordem ou congregação religiosa.
Nesse mesmo ano de 1965, o Cônego Olímpio Torres exerceu por um mês as funções de pároco na paroquia de Nossa Senhora de Fátima, no bairro da Mangabeira, Zona Norte do Recife.
Em 17 de novembro de 1965, comemorou seus 30 anos de sacerdócio. O evento foi no Lar Sacerdotal e contou com a presença de amigos religiosos.
Em junho de 1968, o Cônego Olímpio Torres é eleito presidente do Lar Sacerdotal, onde já fazia parte do Conselho Administrativo.
Em 28 de setembro de 1970, as 8:30 da manhã, o Cônego Olímpio Torres faleceu no Pronto Socorro do Recife (hoje Hospital da Restauração).
Segundo sua Certidão de Óbito a causa da morte foi hemorragia cerebral, hipertensão arterial. Foi sepultado no Cemitério de Santo Amaro. Tinha 61 anos.
Seu corpo foi velado na Câmara Ardente da Capela do Lar Sacerdotal, e uma missa fúnebre foi celebrada por D. Helder Câmara. A missa foi acompanhada por diversos sacerdotes.
Olímpio Torres exerceu o sacerdócio em vários lugares: Recife, Sertânia, Arcoverde, Floresta...
Quem tiver curiosidade poderá ler dois textos escritos pelo Cônego Olímpio Torres escrito no folheto chamado Maria, publicado em Recife, que disponibilizamos.
Fontes: Diário de Pernambuco; Jornal Pequeno (PE); Jornal A Noite (RJ); Livro de Óbitos da Cidade do Recife;
“A vida dos grandes homens tem sempre qualquer coisa de fantástica e de lendária” – Padre Olímpio Torres se referindo ao Padre Carlos Cottart.
Hesdras Souto é Sociólogo, Pesquisador e
Membro-Fundador do Centro de Pesquisa e Documentação do Pajeú – CPDoc-Pajeú.
Fazem o CPDoc-Pajeú:
Aldo Branquinho, Felipe Pedro Leite, Hesdras Souto, Jair Som, Lindoaldo Campos e Rafael Moraes.