11.4.21

PESQUISA | ESQUEÇA O QUE VOCÊ APRENDEU SOBRE A ORIGEM DE TUPARETAMA: CPDOC Pajeú traz novas descobertas sobre a História do município.


Nesta semana em que Tuparetama celebra seus 59 anos de Emancipação Política (11 de abril de 1962) o CPDOC Pajeú publicou um importante artigo que desmonta muito do que se sabia pela tradição oral da fundação e formação original do município. O texto é dos pesquisadores Hesdras Souto (Sociólogo, Pesquisador e Presidente do Centro de Pesquisa e Documentação do Pajeú- e-mail: hesdrassouto@gmail.com) e Aldo Branquinho (Sociólogo, Pesquisador, Professor e Membro-Fundador do Centro de Pesquisa e Documentação do Pajeú- e-mail: aldobranquinho@servidor.uepb.edu.br) e faz um resumo bem fundamentado das novas descobertas que jogam luz sobre nossa História e trazem questionamentos que inevitavelmente conduzirão a outras novas revelações. 

O texto pode ser lido na íntegra, COM IMAGENS DOS DOCUMENTOS PESQUISADOS no blog do CPDOC Pajeú (CLIQUE AQUI PARA LER). Trazemos a seguir alguns trechos (os subtítulos são nossos, para ressaltar os pontos importantes dados pelo texto) que demonstram a valiosa contribuição da pesquisa do Centro para a História de Tuparetama. É um presente inestimável do CPDOC Pajeú no dia dos 59 anos do município: 

O Nome "BOM JESUS" dado à área onde se situa Tuparetama (e primeiro nome deste povoado) não tem nada a ver com primeira missa celebrada nem com a primeira feira na localidade: 

(...) uma das referências mais antigas à fazenda Bom Jesus está no Livro de Vínculo da Casa da Torre (1778-1779), já referido. Antes dessa indicação relativa à Bom Jesus existe uma referência - datada de 1738[1] - às fazendas São Pedro, Grossos e Ingazeira, nessa região das cabeceiras do Pajeú, o que torna plausível a hipótese de que a área, que hoje compreende o município de Tuparetama (PE), já se encontrava ocupada pela colonização branca, na primeira metade do século XVIII, justamente por estar situada entre essas outras fazendas. O fato é que no Livro do Vínculo consta a fazenda caracterizada da seguinte forma: “Fazenda Bom Jesus, sendo rendeiro Carlos Ferreira Colaço, extremando rio acima na Malhada de João de Couras e pelo rio abaixo no Poço do Souza e para o sul com as vertentes nas Malhadas do Riacho Novo e para baixo, na Baixa do Toco terras da fazenda de Santa Ana e o norte com os Campos Gerais que ficarão servindo de fundos…” – Livro do Vínculo (1778-1779), p.45. 

Nem a "negra Manoela" nem o "Cel. Manoel Benedito" foram os primeiros habitantes desta localidade: 

(...) Diante do que foi descoberto por Yony Sampaio e pelas análises que o CPDoc tem empreendido, pode-se especular que as terras de Bom Jesus tenham mais de 280 anos de história de colonização branca documentada (e certamente com bastante documentação ainda por ser descoberta e evidenciada). É importante destacar que foram protagonistas de sua ocupação e conformação social, geração após geração, além de inúmeros indivíduos e famílias de indígenas e africanos submetidos à escravidão, integrantes de troncos familiares, com presença forte de casamentos endogâmicos, em que figuram sobrenomes Ferreira da Costa, Ferreira de Brito, Ferreira Colaço, Ferreira do Prado, Prado Xavier, Cunha Siqueira, Alves da Cunha, Nogueira de Carvalho. ] 

Timeline de Tuparetama conforme pesquisas recentes do CPDOC Pajeu

A "Mãe Preta Negra Manoela" cantada no Hino Municipal existiu mesmo? E qual sua relação com o velho Benedito, pai do Manoel Benedito de Lima?
 

(***) Sobre a relação da Colônia com a Fortuna e com Tuparetama no Livro do Município (1999, p. 105), existe a seguinte passagem: “O ‘Velho Benedito’, confirmando sua origem portuguesa, teria um envolvimento amoroso com uma cabocla conhecida por ‘Negra Manoela’, natural da Ingazeira, ‘irmã de criação’ ou protegida do cangaceiro Antônio Silvino. Dona de grande beleza, possuía longos cabelos negros denunciando talvez sangue indígena”. Em relação à citação acima, como foi baseada unicamente em relatos orais, até o momento, não se pode comprovar se realmente houve essa relação amorosa entre o Velho Benedicto e a ‘Negra Manoela’. 

Também não veio à tona, ainda, documento que comprove se realmente ela nasceu na Ingazeira, entretanto, se ela teve algum grau de parentesco ou relações de compadrio com a família de Antônio Silvino, é muito provável que ela tenha origens na Serra da Colônia, assim como a proprietária da Fortuna, Ana Quitéria de Moraes, que também era parente de Antônio Silvino. Detalhes sobre a vida da ‘Negra Manoela’ ainda permanecem pouco conhecidos (documentalmente), por isso não se sabe se era escravizada ou filha de escravizados, visto que a família Moraes os tinha (como já afirmado em nota de rodapé, após análise do inventário de Antônio Bernardes de Azevedo Baptista) ou se era de origem indígena, já que na Colônia também haviam indígenas, pelo menos até meados do século XIX, como é possível ser demonstrado pela documentação eclesiástica de Flores (PE). Mas é muito provável que Benedicto de Maria Lima tenha conhecido Manoela quando adquiriu parte do Sítio Fortuna a Dona Ana Quitéria de Moraes. Ademais, até o momento, deve-se lançar mão da história oral e interpretá-la à luz da documentação em análise. Nesse sentido, é importante fazer mais alguns apontamentos alicerçados nessa base documental e aventar hipóteses com graus elevados de plausibilidade. Os Beneditos não seriam imigrantes portugueses, mas descendentes. 

O "Velho Benedito" pai do Cel. Manoel Benedito de Lima teria nascido na Paraiba: 

(***) Em 30 de março de 1886, Benedicto de Maria Lima aparece como testemunha em um processo criminal envolvendo os filhos da senhora Úrsula Xavier de Siqueira Campos (Anexo 1). Nesse processo, consta que ele era morador da Fortuna do Termo de Afogados da Ingazeira e natural do mesmo Termo. Já em outro processo criminal (Anexo 2) de 1890, também como testemunha, consta que o senhor Benedicto de Maria Lima era natural da vila de São João do Cariri, na Parahyba do Norte. 
 
À esquerda, Hesdras Souto, um dos fundadores do CPDOC Pajeú. Na foto com equipe do Acervo Municipal de Afogados da Ingazeira, onde o CPDOC Pajeú tem realizado pesquisa e contribuído com assessoria técnica 

Ainda não foram encontradas provas da patente do Coronel Manoel Benedito de Lima:
 

Sobre (***) Manoel Benedito de Lima, o livro que conta a história de Tuparetama traz a seguinte afirmação: “Manoel Benedito de Lima, capitão da Guarda Nacional” (SILVA, 1999. pág. 105). A respeito disso não foi possível acessar nenhum documento da época ou referência em jornais/gazetas/periódicos que cite Manoel Benedito de Lima como sendo membro da Guarda Nacional, seja como Capitão, seja como Coronel. 

O que se supõe, pela história oral, é que Manoel Benedito de Lima foi quem construiu a primeira casa de alvenaria no povoado de Bom Jesus, onde já existiam inúmeras moradas de taipa. Entretanto, somente os livros de Carta-Patente da Província de Pernambuco poderiam dirimir essa dúvida, e confirmar se Manoel Benedito foi Capitão ou Coronel da Guarda Nacional ou se o seu título era algo não oficial. No momento oportuno o CPDoc-Pajeú irá ao Recife (PE) em busca das Cartas-Patente.
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