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Foto do site Mais Tuparetama |
Por: Antônio José Xavier
Falar de fé não é algo fácil, ainda mais difícil é encontrar pessoas que elevaram a fé ao patamar dos exemplos.
Uma destas pessoas sem dúvida foi Dona Francisca, ou Madrinha Chiquinha, como era carinhosamente chamada pelos inúmeros afilhados (dos quais faço parte) e pelas incontáveis pessoas que a procuravam para aconselhar-se, para rezar de "mal olhado", "peitos abertos" "espinhela caída", e tantos outros males físicos e espirituais.
Dona Chiquinha foi uma mulher de caráter nobre, de vida sofrida, agricultora, mãe exemplar, esposa dedicada, amiga e portadora de um coração e sorriso generoso, que acolhia a todos sem qualquer distinção social. Em tempos onde a medicina científica era artigo de luxo para a grande maioria dos mais humildes, Dona Chiquinha já professava suas rezas, louvores, cânticos de adoração e receitava ervas e lambedores medicinais caseiros para aplacar os males e quebrantos de tantos quanto a procurassem.
Dona de uma gentileza e sabedoria admiráveis, ela driblou inúmeras dificuldades na vida e não se deixou vencer por nenhuma delas. Sua fé, confiança em Deus e consciência cristã a fizeram seguir em frente mesmo em meio às maiores adversidades. Perdeu esposo, filhos (todos de forma trágica), mas jamais perdeu a fé. A mesma fé que a sustentou e serviu de exemplo e apoio para todos aqueles que a procuraram ao longo de uma vida inteira de acolhimento, dedicação e auxílio ao próximo.
Quem em Tuparetama, independente de religião, nunca ouviu falar em Dona Chiquinha rezadeira? Na verdade, ela estava acima de qualquer definição religiosa, e por isto mesmo conquistou o respeito de pessoas de vários credos, que viam nela um exemplo de mulher e uma verdadeira fortaleza religiosa.
Recebia em sua casa cuidadosamente decorada com imagens e quadros de vários santos católicos, crianças, adultos e idosos e tratava a todos com a máxima distinção. No dia de finados, fazia suas capelas de flores confeccionadas em papel crepom e nas horas vagas, costurava, bordava e comparecia as missas e festejos católicos com uma dedicação esmerada e inocente, típica das pessoas de coração puro e mente tranquila.
Hoje, Dona Chiquinha cumpre sua missão na terra e parte rumo a pátria espiritual para continuar sua obra caritativa junto ao Mestre Maior. Deixa na terra a saudade naqueles que aqui ficam, amigos, afilhados, conhecidos, filhos, netos e bisnetos.
Sim, ela cumpriu sua missão de maneira louvável. Mulher simples e sábia que dedicou toda uma vida em auxílio ao próximo sem esperar retribuição.
Em tempos onde a fé frequentemente se coloca num patamar de descrenças, comércio, pompas e trocas, Dona Chiquinha nos dá o exemplo da fé simples, humilde e pautada pela caridade como nos ensinou o Cristo Consolador.
Que Deus a receba em sua imensa bondade e a acolha em sua seara de amor. Que os familiares e amigos recebam a consolação necessária neste momento onde a dor ainda é inevitável e possam encontrar a força e auxílio necessários no exemplo de vida, fé, devotamento e caridade que foi nossa amada "Madrinha Chiquinha".
Recife, 08 de abril de 2017
Antônio José Xavier,
é tuparetamense
atualmente residindo em Recife-PE
é pedagogo,
palestrante e produtor cultural.