Páginas

9.4.17

DONA CHIQUINHA REZADEIRA: Exemplo de Fé e Caridade

Foto do site Mais Tuparetama

Por: Antônio José Xavier

Falar de fé não é algo fácil, ainda mais difícil é encontrar pessoas que elevaram a fé ao patamar dos exemplos. Uma destas pessoas sem dúvida foi Dona Francisca, ou Madrinha Chiquinha, como era carinhosamente chamada pelos inúmeros afilhados (dos quais faço parte) e pelas incontáveis pessoas que a procuravam para aconselhar-se, para rezar de "mal olhado", "peitos abertos" "espinhela caída", e tantos outros males físicos e espirituais.  

Dona Chiquinha foi uma mulher de caráter nobre, de vida sofrida, agricultora, mãe exemplar, esposa dedicada, amiga e portadora de um coração e sorriso generoso, que acolhia a todos sem qualquer distinção social. Em tempos onde a medicina científica era artigo de luxo para a grande maioria dos mais humildes, Dona Chiquinha já professava suas rezas, louvores, cânticos de adoração e receitava ervas e lambedores medicinais caseiros para aplacar os males e quebrantos de tantos quanto a procurassem. 

Dona de uma gentileza e sabedoria admiráveis, ela driblou inúmeras dificuldades na vida e não se deixou vencer por nenhuma delas. Sua fé, confiança em Deus e consciência cristã a fizeram seguir em frente mesmo em meio às maiores adversidades. Perdeu esposo, filhos (todos de forma trágica), mas jamais perdeu a fé. A mesma fé que a sustentou e serviu de exemplo e apoio para todos aqueles que a procuraram ao longo de uma vida inteira de acolhimento, dedicação e auxílio ao próximo. 

Quem em Tuparetama, independente de religião, nunca ouviu falar em Dona Chiquinha rezadeira? Na verdade, ela estava acima de qualquer definição religiosa, e por isto mesmo conquistou o respeito de pessoas de vários credos, que viam nela um exemplo de mulher e uma verdadeira fortaleza religiosa. 

Recebia em sua casa cuidadosamente decorada com imagens e quadros de vários santos católicos, crianças, adultos e idosos e tratava a todos com a máxima distinção. No dia de finados, fazia suas capelas de flores confeccionadas em papel crepom e nas horas vagas, costurava, bordava e comparecia as missas e festejos católicos com uma dedicação esmerada e inocente, típica das pessoas de coração puro e mente tranquila. 

Hoje, Dona Chiquinha cumpre sua missão na terra e parte rumo a pátria espiritual para continuar sua obra caritativa junto ao Mestre Maior.  Deixa na terra a saudade naqueles que aqui ficam, amigos, afilhados, conhecidos, filhos, netos e bisnetos.  Sim, ela cumpriu sua missão de maneira louvável. Mulher simples e sábia que dedicou toda uma vida em auxílio ao próximo sem esperar retribuição. 

Em tempos onde a fé frequentemente se coloca num patamar de descrenças, comércio, pompas e trocas, Dona Chiquinha nos dá o exemplo da fé simples, humilde e pautada pela caridade como nos ensinou o Cristo Consolador. Que Deus a receba em sua imensa bondade e a acolha em sua seara de amor. Que os familiares e amigos recebam a consolação necessária neste momento onde a dor ainda é inevitável e possam encontrar a força e auxílio necessários no exemplo de vida, fé, devotamento e caridade que foi nossa amada "Madrinha Chiquinha".

Recife, 08 de abril de 2017

Antônio José Xavier
é tuparetamense 
atualmente residindo em Recife-PE 
é pedagogo, 
palestrante e produtor cultural.